ISSN 2179-1287
Número 7 | jan/fev/mar 2012

Florestas

editorial_07Em 2011, a ONU celebrou o ano internacional das florestas por meio de seu programa de meio ambiente. Trazer à tona os desafios e oportunidades da conservação das florestas do mundo foi o objetivo de todo um conjunto de eventos e publicações, que apresentaram quais as grandes contribuições das florestas para o bem-estar humano e dos ecossistemas que elas preenchem. Numa dessas publicações – Vital Forest Graphics – a ONU traz um panorama geral das florestas no mundo, na forma de gráficos informativos. A publicação mais técnica dessa série – State of the World’s Forests –  disseca o estado atual de conservação, manejo e exploração das florestas, com diversos cálculos socioeconômicos que têm por intenção quantificar a nossa dependência das florestas para as mais diversas atividades. No entanto, é numa publicação ainda não lançada da série, que a ONU traz a mensagem principal do Ano Internacional das Florestas – 2011. O Forests and People discorre sobre como as sociedades humanas, quaisquer delas, estão intimamente atadas às florestas nas suas mais diversas dimensões: políticas, sociais, econômicas e culturais. Somos 1,6 bilhão de seres humanos cuja economia depende das florestas em algum nível direto. São vidas que se moldaram por meio do extrativismo, dos cultos relacionados às florestas e, também, do lazer que elas podem representar.No Brasil, país que detém sozinho mais da metade das florestas tropicais do mundo, aquelas que possuem a maior diversidade de vida, podemos encontrar de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e, até mesmo, indústrias que dependem diretamente de sua exploração. A economia florestal já ditou padrões de ocupação da Amazônia e da nossa região litorânea da Mata Atlântica. Nossas lendas brasileiras, o Curupira, o Boto e Iara, por exemplo, as toponímias, isto é, os lugares com nomes tupis relacionados com fauna e flora, e a culinária de nossa macaxeira, frutas nativas, etc., estão intimamente ligadas à fauna e flora das nossas florestas. Os aspectos religiosos dos cultos afro-brasileiros ou aiuasqueiros, provenientes da bebida ayahuasca, estão imersos nos elementos provenientes das florestas. A nossa economia já esteve fortemente ligada ao extrativismo de produtos florestais em geral, madeireiros ou não, e agora explora sua diversidade biológica através de tecnologia e ciência. Esse é o capital natural mais valioso do Brasil, as suas florestas. Nossa bandeira, identidades e particularidades culturais estão assentadas sobre as florestas que um dia cobriram mais de 80% de nosso território, mas que hoje se encontram sob forte ameaça.Nesta edição da Coletiva, um ensaio fotográfico mostra como é rica a floresta, mesmo em cenários agrícolas onde a reconciliação entre produção e conservação é imperativa.  Reconciliação que virá com a ajuda da educação que inclua as florestas como elemento central num país inequivocamente florestal, como sugere Nurit Bensusan no seu artigo “Educação sem florestas no país das florestas”. Logo, o leitor vai se deparar com o artigo de Daniel Vieira, “O Mattan do Brasil e as paisagens de Frans Post” que trata da representação iconográfica das florestas na obra deste pintor à serviço da ocupação holandesa no Brasil, num resgate histórico de como esse elemento preenchia o imaginário do éden Tropical. Em seguida, Felipe Melo discorre sobre a evidente, mas quase sempre negligenciada interdependência entre pessoas e florestas no artigo “Porque dependemos das florestas? Bem estar humano e serviços ambientais”. Finalmente, Pedro Silveira dá consistência a essa interdependência ao abordar a questão dos povos da floresta. Ainda, nas reportagens, oferecemos uma análise da batalha em torno do Código Florestal brasileiro e as articulações para restaurar a Mata Atlântica, bem como o papel das Unidades de Conservação na proteção das florestas. Trazemos ainda uma entrevista provocativa com Marcelo Tabarelli, coordenador da área de concentração “Biodiversidade” da Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pela avaliação e indução dos programas de pós-graduação que lidam, entre outras coisas, com as florestas.
Em meio a uma reunião mundial, a Rio + 20, que discute modelos de desenvolvimento que incluam pessoas e outros seres vivos, este número especial da Coletiva é um singela contribuição para  repensar nossa relação com a nossa própria casa, o planeta e seu ambiente mais fértil, que são as florestas.

Editor temático: Felipe Melo | Editores: Alexandre Zarias, Allan Monteiro e Pedro Silveira | Capa: Frans Post, O carro de bois, óleo em tela, 62 x 95 cm, assinado e datado: “F. Post 1638 8 / 15”, Paris: Musée du Louvre | Especial: Eduardo Gambarinni / Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan)  | Entrevista: Marcelo Tabarelli | Reportagens:  Beatriz Albuquerque, Caroline Rangel e Flora Freire | Artigos: Daniel de Souza Leão Vieira, Felipe Melo, Nurit Bensusan e Pedro Silveira

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