ISSN 2179-1287
Número 17 | set/out/nov/dez 2015

Expressões juvenis

O presente número da Revista Coletiva é um convite à reflexão sobre a experiência da juventude. A abordagem científica da condição juvenil deslocou-se de uma posição inicial que buscava compreender o comportamento jovem como problema social, destacando os estudos da delinquência e da violência juvenis, para o reconhecimento da diversidade dessas construções identitárias e das múltiplas manifestações decorrentes do diálogo entre concepções hegemônicas e mercadológicas sobre a juventude e suas próprias dinâmicas culturais.

Na contemporaneidade, dirigimos nosso olhar para as “Expressões Juvenis”. Opção essa que envolve a arte, a relação com as tecnologias de informação e comunicação, o consumo, a sociabilidade, a socialização escolar e a agenda de demandas específicas que, de forma crítica e criativa, os jovens apresentam à sociedade em geral e de alguma forma tem influenciado as políticas públicas nesse campo.

Dentro dessa escolha, nove artigos compõem este número temático, cada qual com abordagens distintas. O artigo de Irapuan Peixoto Lima Filho explica as quatro dimensões do conceito de juventude mostrando que seu simbolismo transcende as características mais objetivas de sua definição, podendo estender a condição de jovem a outras categorias sociais no nível do desejo, das expectativas e dos ideais.

Sob um enfoque histórico, Regina Novaes faz um breve balanço das políticas públicas de juventude desde 1970, avaliando os entraves impostos à efetivação dessas políticas. Superá-los implica na escuta dos coletivos juvenis, surgidos a partir das manifestações de junho de 2013, pelo campo das políticas públicas. Já do ponto de vista econômico, Lygia Gonçalves Costa Hryniewicz faz uma reflexão sobre o que representa a busca pelo primeiro emprego no atual contexto de constante reestruturação produtiva e apresenta as dificuldades que acabam por perpetuar as desigualdades sociais entre os jovens brasileiros.

Na área da cultura, Geovana Tabachi Silva busca responder em seu artigo à seguinte pergunta: o que a música tem a ver com as identidades jovens? Para tanto, destaca a relação da arte do samba e as performances culturais e simbólicas dos jovens ritmistas integrantes da bateria Ritmo Forte, da Escola de Samba Unidos de Piedade, a mais antiga agremiação do gênero do Espírito Santo.

Para responder à questão de como a escola de Ensino Médio pode representar um espaço de reconhecimento do jovem, Rogerio Mendes de Lima aponta a necessidade de incorporar as demandas da juventude ao ensino de Sociologia, levando para a escola básica as propostas da educação intercultural e construindo relações mais democráticas e autônomas. Amana Mattos, por sua vez, relata a pesquisa-intervenção que realiza, desde 2012, com sua equipe de estagiárias/os e licenciandas/os de Psicologia, cujo objetivo é investigar a produção do gênero e da sexualidade em contextos escolares.

A reflexão de Glória Diógenes sobre as expressões juvenis nas cidades inclui os territórios digitais ressignificados pela mobilidade e atualização dos corpos jovens que reconfiguram as noções de tempo e espaço. A pesquisa antropológica sobre as expressões juvenis precisa considerar as construções da subjetividade nas cidades materiais e digitais. Nesse sentido também, o artigo de Marcelo Castañeda explora as relações que se tecem entre os jovens e as tecnologias da comunicação e informação, em especial os telefones celulares, câmeras e internet, na configuração de um campo de interações que perpassa as socialidades juvenis para contestar as estruturas vigentes de exercício do poder.

Juventude e religião é o tema de reflexão de Wania Amélia Belchior Mesquita. Para ela, os jovens encontram nas igrejas ou em outros pontos de encontros religiosos formas de experimentar e integrar-se à cidade pela ressignificação do religioso e o seu caráter de lazer e interação.

No último artigo, Marcelo Burgos situa a construção social da juventude e a perspectiva de que falar de juventude é compreender que o direito à juventude é a real fronteira da democracia no Brasil. Na seção Entrevista, Fátima Ivone de Oliveira Ferreira e Marcelo Robalinho conversam com o pesquisador e educador Paulo Carrano. Ele esclarece vários pontos da temática da juventude e conclui que investir na relação dialógica é a esperança para uma sociedade mais justa e democrática. Por fim, na seção Reportagem, Marcelo Robalinho aborda como a atuação dos grêmios vem impactando na dinâmica escolar e no próprio agir dos jovens.

Por fim, a seção “Memória” remete a uma expressão juvenil que conectou o movimento estudantil e artistas no Brasil dos 1960, o Centro de Cultura Popular  da União Nacional dos Estudantes(CPC).

Boa leitura!

 

Editora temática: Fátima Ivone de Oliveira Ferreira | Editores: Alexandre Zarias, Pedro Silveira, Allan Monteiro e Marcelo Robalinho | Entrevista: Paulo Carrano | Reportagem: Marcelo Robalinho | Artigos: Irapuan Peixoto Lima Filho, Regina Novaes, Lygia Gonçalves Costa Hryniewicz, Geovana Tabachi Silva, Rogerio Mendes de Lima, Amana Mattos, Glória Diógenes, Marcelo Castañeda, Wania Amélia Belchior Mesquita, Marcelo Burgos | Memória: Lúcio da Silva | Revisão: Hugo Santos | Imagem de capa: Ícaro Soriano | Apoio de jornalismo: Emannuel Nascimento e Lúcio Silva

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